terça-feira, 3 de abril de 2012

Sobre Leandro e a minha apatia...

Desde que Leandro e eu decidimos ser amigos, as coisas estão esquisitas. Ele esteve aqui em casa, nada aconteceu ele foi embora e ficou diferente. Falamos na terça-feira, depois da vinda dele aqui e mais uma vez eu acabei enfatizando sobre como era bom que pudéssemos ser amigos, que ele estava sendo meu melhor amigo, que eu prezo a opinião e os conselhos dele e que a minha confiança estava renovada. Em troca ele me disse que faria de tudo para honrar esta confiança e que nunca mais a trairia.

É o que eu imaginei? Não.
Era o que eu tinha desejado para nos dois? Não.
Mas foi a escolha dele e eu tinha que lidar com isso da melhor maneira possível. Se não seremos mais nada que sejamos amigos incondicionais.

Alguns dias depois ele manda uma mensagem dizendo que tem um sentimento forte por mim, que gostar de saber de mim... de cuidar de mim... e que por enquanto é tudo que ele pode me dizer, mas que as coisas vão se acertar naturalmente...

Por que ele diria isso? Tentei não pensar.

Isso aconteceu na quinta-feira, no sábado tive um problemão aqui em casa. Senti vontade de falar com ele, de ouvir um conselho, mas era final de semana e eu não queria ser inconveniente. Então, ao invés deligar, mandei uma única mensagem. “Quando tiver um tempo me liga?” A mensagem foi às 15 horas da tarde de sábado, só tive noticias dele na segunda-feira pela manhã. Ele não sabia, mas a cada hora que se passava, daquele final de semana em que ele não me ligava, morria um pouco dentro de mim.

Na segunda pela manhã recebo uma mensagem dizendo que estava em falta comigo, se eu poderia perdoa-lo, que não me ligou porque estava num churrasco e já tinha bebido muito, acabou esquecendo. “Me avisa quando eu puder te ligar.”

Mentira.

Não respondi. Confesso que pela primeira vez em meses meu coração não disparou quando vi o nome dele no meu celular. Não senti a necessidade de responder imediatamente como uma menina boba. Então pensei, “Será que é só raiva passageira e daqui a pouco vou sentir vontade de falar de novo?” Resolvi me testar. A tarde outra mensagem: “Você não quer falar comigo?” Ainda não me emocionou, não senti vontade de responder.
Fui trabalhar.
Estou na casa do aluno meu celular toca. Era ele: “Oi, pode falar?”

Eu estava em aula. Quando sai retornei a ligação e ele ficou mudo, não dizia nada. Acabei dizendo que o sina estava ruim e que ligaria de casa.

Eu estava no Recreio, e fui o caminho inteiro pensando no real motivo da minha indignação e do que tinha me deixado tão apática em relação a ele. Confesso que não conseguia encontrar o real motivo por trás daquilo tudo. Então o cara não ligou, e dai? Outros não ligaram antes. Agora ele estava retornando, havia tentado falar comigo o dia inteiro.... Ainda assim para mim essa tentativa dele não me sensibilizava....
Cheguei em casa e meu filho me dá o recado, “Mãe, Leandro ligou.”

Resolvi retornar a ligação para que ele não falasse que eu estava fazendo de propósito e etc. Só que quando ele começou a falar do outro lado e tentar se justificar mais uma vez por não ter ligado, falar que tinha bebido... Não sei o que aconteceu, a apatia se transformou em fúria. E eu acabei falando com precisão o que tinha me magoado, assustando até a mim mesma.

- Leandro, estar bêbado não é o motivo por você não ter me ligado, porque você já me ligou bêbado de madrugada, durante o dia, de todas as formas sem isso nunca ter sido um problema. Você não me ligou porque você estava com sua mulher, namorada sei lá o que diabos ela é. Você me tratou como uma VAGABUNDA que você pode ignorar em prol de preservar o seu relacionamento. Você fala comigo, me manda mensagens, me liga, quando não está com ela. E eu não sou sua amante, não tenho nenhum tipo de envolvimento romântico com você para ser tratada dessa forma. Eu era sua amiga. E quando um amigo liga pedindo ajuda agente responde.

- Como você pode me dizer isso? - eu não esperava a reação dele porque despejou um monte de palavras sem nexo, uma hora com raiva em outras parecia um menino chorão quando contrariado – Você nunca acredita em mim... Deus a livre acontecer algo com você e não poder responder quando alguem ligar, você fica me julgando...

- Leandro, não aconteceu nada, você não ligou por que estava bêbado, não é isso? Não é o que você esta me dizendo?

- Você não acredita em mim, nas coisa que eu falo, nos meus sentimentos, mas quer saber? Não vou fazer mais nada para tentar convencer você do contrário. Quer pensar isso de mim? Então pense.

- Claro que você não vai fazer nada, não tem o que fazer. Eu estou certa, você não me ligou por esse motivo. Me tratou como uma piranha sim e depois de ter me dito tudo aquilo...

- Eu não consigo falar mais nada sem dizer alguma coisa realmente séria, estou com muita raiva vou desligar.

- Tchau.

Desliguei o telefone e fiquei encarando a parede. Lucas apareceu na sala e disse “Você não vai chorar?”

Pois é, eu não vou chorar? Onde estão as lágrimas? Onde está aquele sentimento de morte que surge cada vez que brigamos? Onde está o medo de nunca mais falar com ele? Realmente, não sei para onde foram. E não vou dizer que eu não me importe com ele, sim ainda tem um sentimento aqui dentro,mas não é mais tão forte. Não me causa dor.

Eu fico imaginando a mensagem chegando no celular. Ele lê. Ela esta por perto. Ele apaga e diz “Propaganda” dando de ombros. Passa o resto do dia bebendo se divertindo, vez ou outra lembra do meu pedido, tenta imaginar se consegue ir ao banheiro e me responder, acha arriscado e desiste. “Ah, ela é apaixonada por mim mesmo, na segunda-feira peço desculpas e tudo se resolve.” Ou pior, se a corda tinha que arrebentar mesmo, arrebentasse no lado mais fraco...

Cadê o “Tenho um sentimento forte... gosto de cuidar de você... Tudo vai se resolver...”?

E eu sou a culpada por não acreditar? Palavras são como o vento o que demonstra o que vai em nossos corações são as atitudes. Assim como as minhas atitudes sempre deram a certeza do quanto eu gostava dele, as dele nunca me fizeram ter certeza de nada.

“Tudo vai se resolver naturalmente...”

Está tudo resolvido agora.


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