Quando eu estava noiva do meu ex-marido, aos 22 anos tinha uma série de dúvidas rondando a minha cabeça de que talvez ele não fosse a pessoa certa para mim. Nesta época eu pertencia a uma igreja muito tradicional e não tinha o costume de perguntar a Deus se uma coisa era ou não da vontade Dele antes de tomar a decisão. Antes de minha avó falecer, conversei com ela no hospital Falei como estava me sentindo. Ela olhou nos meus olhos e disse, "Minha filha, não se case..." Fiquei em estado de choque. Ela era a maior incentivadora daquele casamento, adorava o meu noivo, porque diria aquilo?
Depois que ela faleceu comecei a buscar mais direção de Deus. Eu queria antecipar o casamento e mudar logo para o Rio, porque havia uma pessoa próxima que tinha problemas e me importunava desde os dez anos querendo abusar sexualmente de mim. Claro, aos 22 eu já era uma mulher adulta, mas eu ainda tinha muito medo de ser posta em uma situação em que tivesse que dar queixa na delegacia e todo mundo viesse a saber. Contei tudo ao meu noivo. Resolvemos antecipar o casamento e alugar um quarto e sala enquanto ele não comprava um apartamento.
Nessa época, a mãe dele, minha ex-sogra começou a fazer pressão para que ele não casasse. Uma noite, cheguei em casa do trabalho e ele ligou. "Olha, Stella, não vamos casar agora nem na data anterior (no final do ano) para falar a verdade eu só vou me casar daqui uns 4 anos quando tiver comprado o apartamento e mobiliado tudo. Se você quiser vais ser assim se não está tudo terminado."
Fiquei em estado de choque. Ele tinha feito o pedido de casamento ao meu pai em janeiro. Marcamos para dezembro, estávamos em maio e eu queria cancelar a cerimonia e tudo mais casar só no civil em julho e agora terminava tudo na hora em que eu mais precisava dele. Desliguei o telefone. Respirei e ligue de novo. A mãe dele atendeu. E ela estava rindo quando disse, "Olha, eu vou ver se ele quer falar com você, mas tenho que certeza que ele não vai querer..." Outro soco no estomago. O que eu tinha feito para ela? Quando ele atendeu, eu estava aos prantos. Gláucio, o que esta acontecendo? Porque sua mãe está me tratando deste jeito? Por que você está fazendo isso comigo?
Minha família chegou em casa, minha tia me viu descontrolada tomou o telefone das minhas mãos e disse - Você veio até aqui pediu a mão dela? Você não tem palavra?
- Ela está fazendo pressão pra antecipar o casamento e eu não quero.
- Então resolva as coisas como homem não se termina um noivado por telefone.
- Ela é que fica usando os problemas sérios que tem ai na sua casa para me manipular.
- Que problemas sérios que ela tem na minha casa?
Quando ouvi minha tia fazendo essa pergunta, tomei o telefone das mãos dele. "Você é baixo e sujo e fico feliz em ter descoberto antes. Não me procure nunca mais."
Ele ia contar o problema que eu tinha com a tal pessoa que falei lá em cima. Um problema asqueroso, preocupante, nojento que só quem sabia era a minha avó e eu havia confiado a ele. Naquela noite fui deitar e senti Deus me dizer que eu ia cometer o maior erro da minha vida. Que agora sabia quem ele era. Uma pessoa que para esconder seu próprio erro estava disposto a trair a minha confiança e atribuir a culpa a mim.
Passamos um mês sem nos falar. Então ele voltou a ligar e pedir perdão. Pedia pra voltar e eu não queria. Eu continuava sozinha na mesma rotina entediante de antes. Um dia chega uma carta com passagens de avião para o Rio e uma chave. Ele pediu que eu pegasse o avião só para conversarmos. Eu aceitei. Do aeroporto me levou direto para um coquetel de boas-vindas ao novo comandante do navio e me pediu para colocar a aliança porque não havia dito a ninguém que tinha rompido comigo. Depois, me levou ate um apartamento em construção no Méier e falou que as chaves eram do nosso futuro lar. Mostrou os quartos. "Aqui pode ser o quarto do bebê." Chorou me pedindo perdão, disse coisas lindas e eu o aceitei de volta.
No fundo, eu sabia que não devia me casar com ele. Eu deveria ter seguido em frente mesmo que não existisse vislumbre de um futuro melhor. As coisas irião se acertar, tudo voltaria para o lugar e eu poderia ter tido novas oportunidades se tão somente eu tivesse aproveitado aquele momento em que Deus me mostrou quem ele era e me libertou. Mas fui tola, pensei em como ele fazia me sentir, pensei no romantismo do pedido de perdão. Mais uma vez me enfiei nesta merda de relacionamento.
Anos mais tarde, quando tudo acabou, o que ele fez? O mesmo. Só que numa proporção maior.
"Pai, mãe, estou falido porque a bruxa má gastou todo meu dinheiro. A bruxa má esta tendo um caso. Ela é perturbada por causa dos problemas de família... não tem estrutura para cuidar de um filho..."
O absurdo. Nunca tivemos conta conjunta. Nem cartão de crédito dependente dele eu tinha... Minha vida era cuidar dele e de Lucas. Não trabalhava, não tinha amigos, nada...
As pessoas não mudam.
Só pode haver uma transformação verdadeira quando de repente se encontram com Deus e se vêem como seres que precisam de perdão. O Espírito Santo entra e faz a obra. Isso se chama conversão. Por isso que ouvimos falar de tanta gente "louca" que era traficante, mentiroso, adúltero e depois da conversão mudam completamente.
Por isso é importante que estejamos atentos a cada "dica" que a vidas nos apresenta. Deus mostra, aos Dele, o caminho que a pessoa deve ou não seguir.
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