segunda-feira, 12 de março de 2012

Sobre Pão, vinho e tribunais...

Ontem a noite foi dia de pão e vinho. Carne e sangue. Para alguns pode ser apenas um ritual, mas para muitos (me incluo nisso) é uma data de parar e lembrar do sofrimento do Senhor na cruz. Eu fecho os meus olhos e mentalizo Ele sozinho perante os seus acusadores, tribunais, autoridades, pessoas o acusando de ser pecador e bruxo. Mentiroso, beberrão... Ele calado, sendo açoitado, cuspido e ridicularizado, obrigado a carregar aquela cruz pesada... Mãos e pés furados. Sede... Sensação de desamparo, de não haver mais ninguém com Ele, nem o próprio Deus... “Eloí Eloí lama sabactaní?” Neste momento eu agradeço e geralmente me sinto muito pequena, mas ontem foi o pior dia para mim porque além de pequena senti vergonha. Me descontrolei... Não aguentei a pressão. Bati, esperneei feito criança esta semana. Sobrou para quem estava por perto de mim.

Em minha defesa eu vinha apresentando indicios de que estou cansada há muito tempo. Falo para os mais próximos, “Estou com medo... Estou nervosa... Estou precisando de ajuda...” E a resposta é sempre a mesma, em tom de deboche: “Ah, para com isso! Você é forte para caramba... Deixa de drama!”

Só que eu não sou forte. Eu sou dependente. Dependente de Deus, quando eu surto Ele vem e me ampara. Eu confio nisso. Acho que é uma obra tremenda o que Ele já fez em minha vida. Eu, adulta, casada, não dormia com a luz apagada. Tinha medo de escuro. Não saía a noite. Ficar sozinha em casa? Nem pensar. E hoje sou totalmente independente. Fico só, apago todas as luzes, ando no escuro pela casa. Tinha pavor de falar em público, vender meu peixe, hoje fico na frente de 40 pessoas e falo sem problemas. Nunca fiz terapia nem tomei remédios. Minha medicação é o Salmo 91... É lembrar tudo que Deus já fez...

Algumas vezes, porém, eu esqueço. É ai que preciso de ajuda. E ontem a noite a ajuda veio. E veio em forma de mensagem. Meu Pastor perguntou se alguém já havia se sentido assim:

Senhor, ouve a minha oração e chegue a Ti o meu clamor.
Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos,
No dia em que eu clamar, ouve-me depressa... (tenho repetido isso)
O meu coração esta ferido e seco como a erva, por isso me esqueço de comer o meu pão (nossa você emagreceu Stella! O que anda fazendo?)
Sou semelhante ao pelicano no deserto
Sou como a coruja nas solidões (insonia)
Vigio sou como o pardal solitário no telhado. (horas ohando a rua pela janela)
Os meus inimigos me afrontam todo dia e se enfurecem contra mim... (ex-marido... ex-chefes... ex-amigos...)
tenho misturado com lágrimas a minha bebida...
Ele atenderá à oração do desamparado e não desprezará a sua oração.”
Samo 102



Depois de ler ele continuou comparando este salmo ao sofrimento de Jesus. Como Ele entende, passou por isso em um grau muito mais elevado. E eu comecei a pensar nas vezes em que tive de ficar na frente de um juiz, ou assistente social, ouvindo todas as acusações mentirosas sobre ser uma péssima mãe, sobre ser negligente, sobre ser vagabunda. Minhas fotos bem maquilada, muitas das vezes para sair com meu ex, foram usadas no processo para dizer que eu vivia em festas que tinha uma reputação duvidosa... Fotos minhas la em casa com um casal de amigos gay usadas para alegar que elevava “homens” para minha casa. Eu olhava para o rosto do meu ex-marido sentado a minha frente. Meu primeiro namorado primeiro tudo... Em uma dessas audiencias, o promotor olhou para mim, sorriu penalizado e piscou olho. Depois falou: “Onde o senhor esta querendo chegar com tudo isso? Só vejo aqui uma mulher bem arrumada não existe prova alguma de que ocorreu adulterio, quanto as fotos com esses dois rapazes, seu filho esta presente, não credito que tenha havido alguma coisa que ele não pudesse presenciar...”

Passou. É tudo passado, mas ser caluniado é pesado. Principalmente se o caluniador foi seu amor. Mas o Senhor também passou por algo parecido e infinitamente mais grave. “Bruxo! Beberrão! Endemoniado!”



Lucas assitisndo A Paixão de Cristo: “Ué mãe... Estão acusando Deus de ser endemoniado? Que gente doida...”

Ele sabe... Ele esta próximo... Ele entende... Ele conforta... Ele inspira... Ele nos levanta...

Um comentário:

  1. Eu gosto muito desta foto. Algumas vezes paro e fico olhando pra ela... viajando no tempo e no espaço. O sacerdote tinha o próprio Deus em sua frente e não reconhece. Quantaas vezes a verdade nos encara de frente e nós a desprezamos?

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